No Século XVII, era assunto consumado os animais não possuírem inteligência, sentimento e muito menos uma individualidade.
Até o início do século XX, afirmações em contrário eram classificadas como projeções antropomorfistas.
A partir dos anos 60, pesquisas científicas iniciadas duas décadas antes, começaram a produzir pistas sobre a possível existência da capacidade cognitiva e da auto-consciência no animal.
Cito como exemplo as experiências realizadas por Gordon G. Gallup, em 1970, em chipanzés adultos que comprovaram a capacidade deles reconhecerem a própria imagem no espelho.
Realizado o mesmo procedimento em seres humanos, ficou demonstrado que essa capacidade só começa a se manifestar nos bebês a partir dos dezoito meses a dois anos de idade, sendo que 30% das crianças autistas nunca a desenvolvem.
Esses resultados e outros que acenam para uma auto-consciência suscitam novas discussões éticas sobre os direitos dos animais.
O que vigora em nossa cultura contemporânea sobre esse tema e que se reflete em benefícios a interesses econômicos, ainda se relaciona com o paradigma cartesiano.
Como disse o Dalai Lama: "A ciência é um método de ir além de visões arraigadas. Ficando preso a um sistema filosófico o cientista se torna um crente".
E agora Descartes?
REFERÊNCIAS:
‘E agora Descartes?’, O Globo Planeta Terra, outubro/2010
‘A filosofia da mente e o direito dos animais’, João Fernandes Figueira, Phd pela Universidade de Essex, Inglaterra e pós doutorado com Daniel Dennet nos EUA, Revista ‘Filosofia da Ciencia e Vida’, numero 42.