Sobre a tourada:
Na tourada o toureiro usa a vestimenta brilhante representando o poder solar. O touro, é claro, representa o poder lunar. O ponto de maior perigo é o ato de ataque à cabeça do touro, entre os chifres, que remetem à forma da lua crescente. O touro precisa ser sacrificado para que haja um novo período. O passado precisa ser morto para que exista o futuro.
Se o valor simbólico não é reconhecido, é só o próprio animal que está sendo morto, nada mais.
Ainda que se considere seu simbolismo, sempre achei repulsivo matar animais para que se tenha uma experiência mística. Posso tolerar teoricamente, mas não visualmente. Não quero ver animais sendo mortos.
Sobre como surgiram os rituais de sacrifício (3):
A natureza da vida deve ser compreendida nos atos da vida. Das folhas decaídas, brotos frescos nascem, daí se extrai a lição de que da morte nasce a vida. E daí a conclusão implacável é de que incrementando a morte a vida será incrementada. Nas culturas caçadoras, o sacrifício representa uma oferenda ou um suborno para a deidade que é solicitada a realizar algo. Mas nas culturas de plantio, a figura sacrificada em si é um deus, que depois de morto se transforma em alimento. Cristo é crucificado e do seu corpo surge o alimento do espírito.
E você, o que tem a dizer?
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NOTAS:
1) Joseph Campbell (1904-1987) é um dos mais respeitados mitólogos de todos os tempos. Na postagem 31, de março de 2011, O mito do touro, segundo Joseph Campbell.
2) Na foto acima, uma das muitas representações que o pintor Pablo Picasso fez da tourada. Sobre Picasso e o boi, ver na postagem 25 , de fevereiro de 2011, O Boi e a Arte, e na postagem 37, de maio de 2011, a máscara do Minotauro.
3) A escola de C. G. Jung interpretou a célebre cena de Mitra sacrificando um touro assim como outros sacrifícios, mais particularmente, certos ritos dionisíacos, como um símbolo da vitória da natureza espiritual do homem sobre sua animalidade, da qual o touro é representante. Mais sobre o tema, A Farra do Boi e o Inconsciente Coletivo 1 e 2, postagens 11 e 12, de dezembro de 2010.
4) Fontes:
4) Fontes:
- "Conversas com Joseph Campbell- E por falar em mitos...", Fraser Boa, Verus Editora.
- "O Poder do Mito", Joseph Campbell, com Bill Moyers, Editora Palas Atenas.
- "Dicionário de Símbolos", Jean Chevalier e Alain Gheerbrandt, José Olympio Editora.
- "O Poder do Mito", Joseph Campbell, com Bill Moyers, Editora Palas Atenas.
- "Dicionário de Símbolos", Jean Chevalier e Alain Gheerbrandt, José Olympio Editora.