Um bode era separado do rebanho para ser sacrificado como parte das cerimônias hebraicas do Yom Kipur, o Dia da Expiação. O sacerdote punha suas mãos sobre a cabeça do animal e confessava os pecados do povo de Israel. Posteriormente, o bode era deixado para ser morto na natureza selvagem, levando consigo os pecados de toda a gente.
O termo bode expiatório passou a ser usado no sentido figurado em referência a algo, alguem ou ao grupo que é escolhido para levar sozinho a culpa de uma calamidade, crime ou qualquer evento negativo sem a constatação real dos fatos. Um exemplo clássico são as mulheres na Idade Média, que sob o menor pretexto eram declaradas bruxas. Acusadas de personificarem o mal eram condenadas a morte na fogueira.
Em termos junguianos, o bode expiatório serve de tela para a projeção da sombra de uma determinada comunidade. A sombra é “a coisa que uma pessoa não tem desejo de ser”(C. G. Jung, CW 16, 470). Quando conteúdos inconscientes da mente são reprimidos, podem irromper sob a forma de emoções negativas de maneira destrutiva.
A idéia do bode expiatório é arquetípica, isto é, é “uma forma típica de imaginar, presente em toda parte do mundo. O elemento patológico não reside na existência dessa representação, mas na sua dissociação do consciente”(C.G. Jung, 9, 39-40).
Nota: Na foto da colagem, Dra Nise aparece com a fantasia de onça que ela usou no dia da oficina A Farra do Boi.
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