quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

11- A Farra do Boi e o Inconsciente Coletivo (1a parte de 2)


O ritual da Farra do Boi inspirou Dra Nise não só na luta em defesa do direito dos animais, mas também na busca pelo aprofundamento da compreensão simbólica do sacrifício do touro, presente em diferentes culturas.
Como resultado da sua pesquisa, em 1989 publicou o livro A Farra do Boi.
Encontrou nos escritos de Tertuliano, teólogo cristão do século III, um texto que pareceu ter sido escrito especialmente para o desenho acima, que serviu de ilustração para a capa do livro:
“O Cristo foi denominado touro por causa de duas realidades. Ele é uma parte duro (ferus) como um juiz e de outra parte manso (mansuetus) como um salvador. Seus cornos são a extremidade da cruz”.
O autor do desenho, Octávio, era esquizofrênico, negro, semi-analfabeto, freqüentador do atelier de pintura do Museu de Imagens do Inconsciente. A intenção de representar Cristo é tão clara que usou no alto da cruz as letras características: INRI.
Para explicar o surgimento de certas idéias, de certas imagens não só na esquizofrenia, mas também nos sonhos e fantasias de pessoas normais, Jung postulou a existência de uma estrutura psíquica básica. Chamou de inconsciente pessoal à camada mais superficial do inconsciente onde fervem as emoções, desejos e conflitos reprimidos do sujeito. Devido ao seu caráter universal denominou inconsciente coletivo às camadas mais profundas, onde tomam forma representações correspondentes a experiências primordiais da humanidade.


Sobre A Farra do Boi, postagem número 1, de setembro.
Sobre Dra Nise da Silveira, postagem número 2, de novembro.


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