quarta-feira, 28 de setembro de 2011

54- Vacas que Caem do Céu



Em agosto de 2011, uma família de Ipatinga, em Minas Gerais, foi acordada com uma vaca que parecia ter caído do céu. Foi um susto, mas ninguém se feriu. O animal estava em um lote vazio atrás da casa, se desequilibrou e foi parar bem em cima do telhado. Por alguns minutos ela ficou presa na estrutura de madeira antes de cair em cima de um guarda-roupa e de um colchão. Três pessoas dormiam no quarto que ficou destruído, uma delas era um bebê de apenas quatro meses. O animal andou por outros cômodos da casa e só saiu depois que a dona da casa abriu a porta da sala.
Não é a primeira vez que uma vaca provoca um susto destes. Em dezembro de 2010, uma outra caiu numa falha de um terreno, também em Ipatinga, ficando presa no telhado (foto acima). Só saiu de lá com a ajuda do corpo de bombeiros e de um guincho.
Já em 2007, uma vaca “caiu do céu” russo e afundou um pesqueiro japonês. Segundo o relatório da policia federal russa, um grupo de soldados dedicava-se a roubar gado e transportá-lo por via aérea. Durante um dos vôos as vacas ficaram fora de controle e ante a possibilidade de um acidente a tripulação viu-se forçada a atirar os animais no espaço. O que aconteceu em seqüência foi a grande falta de sorte dos pescadores japoneses que viram a chuva de vacas e uma delas enviar seu barco para o fundo do mar.
O que teria passado pela cabeça dos japoneses quando viram uma vaca convertida em um míssil de 700 quilos varrendo o céu?
Não sabemos a resposta, mas tal fato inspirou a criação do belo filme argentino Um Conto Chinês.
Vacas que caem do céu simbolizam neste filme eventos inusitados que transformam por completo a vida de alguém. Vale a pena conferir.





segunda-feira, 19 de setembro de 2011

53- O Boi na MPB versus a Ditadura Militar ( parte 3 de 4) - A Vaca Profana e Disparada

Louvada nos versos inesquecíveis de Caetano Veloso, a Vaca Profana (1) é a “dona das divinas tetas, (que) derrama o leite bom na minha cara e o leite mau na cara dos caretas...”. Ela é um símbolo da contra-cultura, maldita para uns e sagrada pra outros. A música faz uma reverência irreverente à singularidade, ao direito de ser e expressar diferente do coletivo numa época em que isso era muito perigoso. 

Em “Disparada”(2), Geraldo Vandré e Théo de Barros criticam a exploração das classes sociais pobres pelas mais ricas, fazendo um paralelo com a forma como os boiadeiros lidam com suas boiadas.

“Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe do que eu...”.

Se fosse hoje o festival, para qual dessas três pérolas da MPB você daria seu prêmio de primeiro lugar?
1) Para “O Boi Voador” (ver postagem 52 deste blog), de Chico Buarque e Ruy Guerra?
2) Para “Vaca Profana”, de Caetano Veloso?
3) Ou para “Disparada”, de Geraldo Vandré e Théo de Barros?

Poste sua opinião abaixo, no espaço destinado para os comentários.
O resultado sairá na postagem de 15 de novembro.
Participe!

NOTAS:
1) As entrelinhas são tantas que existe uma comunidade no Orkut: “Caetano, o que é Vaca Profana?”.
2)"Disparada" foi vencedora do Festival da TV Record em 1966, dividindo o primeiro lugar com “A Banda” de Chico Buarque. Houve verdadeira disputa com apostas em todo o país entre os adeptos de uma e outra composição.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

52- O Boi na MPB versus a Ditadura Militar ( parte 2 de 4) - O Boi Voador


 A música “O Boi Voador” (1) composta por Chico Buarque e Ruy Guerra é uma brincadeira séria com a censura da ditadura militar dos anos 60, que mandava prender sem saber quem nem porque. Mas cá entre nós, pode haver algo mais subversivo que uma vaca ou um boi voador?

Diz a letra:
 “Quem foi, quem foi
Que falou no boi voador
Manda prender esse boi
Seja esse boi o que for...”

O artista é um mestre no uso do símbolo(2), provocando uma reação emocional em quem observa sua arte. Sua função é a subversão dos sentidos. Podemos dizer que sob esse aspecto não só Chico Buarque e Ruy Guerra, mas todo artista é um subversivo.

NOTAS:
1) Chico Buarque dá o título à música “O Boi Voador” fazendo uso do nome do espetáculo que marcou a história da cidade Maurícia, hoje Recife, Pernambuco. Em 1644, o conde Maurício de Nassau estava de partida da cidade. Desejando a presença do grande público para homenagear a inauguração da ponte que hoje leva seu nome, espalhou a notícia que faria “um boi voar”. Utilizando um couro de boi na forma de um balão inflável amarrado em cordas finas e controlado por marinheiros, fazia o “boi” dar cambalhotas no ar. A inauguração da ponte foi um sucesso, tanto para a história dos holandeses em Pernambuco, quanto para os cofres da Coroa holandesa, que arrecadou cerca de 20.800 florins.   
“O Boi Voador”, e outras músicas famosas como “Bárbara” e “Ana de Amsterdam” fazem parte da peça “Calabar – o elogio da traição”, dos mesmos autores. É um exemplo de utilização da matéria histórica como instrumento gerador de reflexão. 
A peça fala da invasão holandesa de 1630, e questiona a posição de Domingos Fernandes Calabar no episódio histórico em que passa a tomar partido dos holandeses contra a coroa portuguesa. A peça mostra um outro lado da moeda e questiona se Calabar era mesmo um traidor ou se estava simplesmente defendendo seu ideal de que a Holanda traria mais benefícios para o país do que Portugal. Neste caso ele estaria pensando não apenas em seu benefício próprio e sim no benefício da terra brasileira.
A intenção de Chico e Ruy Guerra não era de denunciar um erro histórico e propor uma revisão, mas sim de denunciar o próprio regime militar, a sua censura, e os veículos de comunicação a seu serviço, que mostravam sempre uma versão dos fatos em sintonia com aquele sistema. Chico pretendia que o povo entendesse que é necessário questionar a veracidade daquilo que lhe é apresentado como fato.

2) Sobre símbolo e experiência simbólica, postagens 16 e 17, de janeiro de 2011, deste blog.