terça-feira, 30 de abril de 2013

94- O Touro de Nova York Crochetado

Olek e o Touro de Nova York 
A artista plástica Agata Oleksiak (1978), que ficou conhecida por Olek Crocheted, é polonesa naturalizada americana. 
Olek criou "esculturas de vestir" em croché para vários projetos. 
Em 2009, declarou:"O croché é uma metáfora da complexidade e interconectividade do nosso corpo e seus sistemas. As conexões são mais fortes num tecido em vez de fios separados, mas se cortar um fio a coisa toda desmorona". 
No final de 2010, Olek instalou uma roupa de malha no Touro de Nova York, em homenagem a Arturo Di Modica. 
Em 1989, assim como ela, Di Modica instalou sem permissão a escultura do touro pesando 3,2 toneladas, em frente ao prédio da Bolsa de  Nove York.
A obra, que pertence ao seu autor, tem hoje uma autorização temporária para permanecer na cidade na categoria de "arte em empréstimo. Uma permissão temporária que já dura mais de vinte anos.
A forma como se deu  a instalação de Olek se denomina "arte de guerrilha". 
Diferente do trabalho de Di Modica, o croché de Olek foi arrancado duas horas depois de pronto por um zelador do parque.
Afinal, "não fica bem" o Touro de Nova York, com sua postura agressiva, símbolo da força e do poder do povo americano, uma alusão à potencia financeira do país, "vestidinho de croché estampado, cor de rosa choque", né?
Felizmente prá nós, foi o tempo  suficiente para que o  touro crochetado fosse muito fotografado!

NOTAS:
1- Sobre o Touro da Wall Street ver postagens 49 e 58 deste blog.
2- Agradecimento especial à Cecília Bosisio pela dica para esta postagem.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

93- A Arte do Boi Espermático - parte 3 de 3


Na postagem 47 - O Boi na Grécia, de julho de 2011, abordamos o tema da  origem grega da  tauromaquia, a arte de tourear sem armas. Eram espetáculos em que o homem interagia com o animal de forma lúdica, desenvolvendo verdadeiras danças acrobáticas. A arte que se fala aqui é outra. É a arte do boi , sob o ponto de vista do mercado pecuário: a produção de sêmen (1).

Fajardo da GB (foto) foi um campeão muitas vezes premiado. Na flor da idade chegou a produzir 500 doses diárias de sêmen, cada uma podendo gerar um bezerro. Em 2005, suas doses eram vendidas por 350 reais correspondendo a 175 mil reais por ejaculação diária. Aposentou-se batendo o recorde nacional de capacidade espermática: 480 mil doses de sêmen.

Em 18 de fevereiro de 2009, quando morreu de enfarte aos 16 anos, a notícia correu o pais:  "O futebol sem Pelé, as corridas sem Senna, a pecuária sem Fajardo". 

A morte dos grandes reprodutores é sentida duas vezes. Primeiro na sua morte propriamente dita. Entristecem-se os donos e os tratadores do animal. A segunda é quando termina o estoque do esperma.  Até desaparecer para sempre, um touro pode resistir por décadas no limbo genético, desde que seu esperma seja congelado em nitrogênio líquido, a -196º C. É sua morte mercadológica. Entristecem-se os fazendeiros que sonhavam ver suas vacas fecundadas por um campeão.

Fajardo se transformou num ícone da pecuária brasileira.  O preço da dose do sêmen de um boi espermático como ele varia como no mercado de arte, em que o quadro bom valoriza ainda mais depois que o artista morre. 

Mas artista morre e sua obra fica... Assim também ocorre com a força da vida simbolizada pelo sêmen! Dizem que Fajardo da GB retornou clonado. (3)


 NOTAS:
1) Sobre o sêmen, o talentoso médico Galeno de Pérgamo(129-199) afirmava que provinha do cérebro. Suas teorias dominaram a ciência ocidental por mais de um milênio. Na Idade Média, acreditava se que a medula dorsal estendia se do cérebro ao falo de onde vem o sêmen - assim se lê no Bahir, o trabalho místico do 1o século, também conhecido como Midrash do Rabino Nehunya ben Hakanah. O sêmen simboliza a força da vida, e a vida humana só pode descender daquilo que caracteriza o homem, sede de suas faculdade próprias;
2) Fonte:  "Fajardo, in memoriam, Vida e obra de um bovino espermático", de Roberto Kaz, revista Piauí de 8 de junho de 2009;
3) http://www.ruralpecuaria.com.br/2011/04/1-clone-de-um-reprodutor-fajardo-da-gb.html
"O reprodutor que era de propriedade da Agropecuária J Galera, produziu mais de 460 mil doses de sêmen, sendo pai de animais que conquistaram grandes títulos em pista. Foi Grande Campeão 1994, Melhor Macho Jovem do rank da ACNB nos anos de 1993 e 1994 e Bi-Campeão da ACNB (97/98 e 98/99). Ele é um dos grandes genearcas da raça Nelore e sua genética construiu um dos pilares do melhoramento genético brasileiro. O sucesso do animal levou a J Galera a cloná-lo. O responsável pelo trabalho foi Flávio Meirelles, que afirma que o clone produzido tem o mesmo genótipo do Fajardo original, entretanto ele não descarta e influência do ambiente no desempenho futuro do reprodutor. “Ele é o primeiro reprodutor clonado a ingressar oficialmente em uma central no Brasil” afirma Marcos Labury, gerente de corte da Alta Genetics. Para ele, o retorno de Fajardo trará enormes benefícios para o rebanho brasileiro “É uma oportunidade de continuar a espalhar a genética melhoradora de seu pedigree” afirma."
4) Veja ainda postagens: 72- A Arte do Boi Espermático - parte 1 de 3 e 73- A Arte do Boi Espermático (parte 2 de 3), de março e abril de 2012, respectivamente.