segunda-feira, 14 de abril de 2014

113- Uma História de Déjà vus (2/4) - Poemas de um Louco

(continuação da postagem 112)
José Alberto escreveu rapidamente muitos poemas para nós enquanto visitávamos o museu. Começou o primeiro poema com a frase “Pé no Chão” e, ao lado, carimbou seu pé descalço usando um pouco de lama como tinta. Literalizou e sintetizou através dessa imagem sua impressão de estar no mundo e sua impressão no mundo. Não fez uma impressão digital, prova da identidade. Fez uma impressão da sola do pé marca da existência aqui na Terra. Levei seu manuscrito para digitar, mas “sua letra é de médico”, como diz Gladys. Voltamos na semana seguinte para que ele nos lesse o poema enquanto gravávamos.      
                                     

        no

              Chão
                                           


E cabeça nos astros
Astroloucura
A capacidade
De ser um
Louco de pé

Torto
E o coração
Virado do avesso
Da sanidade
Com a realidade
Bem fora de si
Déjà vu
Shanti
                        
Assinado,
Um louco.

 .
Lá se vai o visitante
Abre o portão
No canteiro alucinante
Com as chaves
Sem porquês
Não diz na chegada
Nem “como vai você?”
A intimidade
Um parecer
E você, o que trás?
Uma linda carruagem?
Leve daqui as imagens
Não a loucura, essa não
Ou pode ir, pois é
O meu passaporte para a viagem
A jornada é longa
Como as conversas dos doutores
Faixa-preta – Psicanálise – Terapia - Artes quânticas
E filo-patologia dentre tantas alquimias
Como pudera eu dizer da logosofia
Nas pautas da ideologia
Seria a pontaria
Apontada na outra mira
Com a certeza, sem a dúbia colocação
Fica então a questão
Qual a sorte da psique para a moral?
Teria alguém como eu
Um mal diante de outras lentes?
Racional no enfoque transpessoal?
Ou a morte material?
Exterminada a concepção cessaria

O irracional monstro pensante
Eu vir a ser um extraterreno?
Matrix – Jedi – Yoda – Hilander?
O homem que veio das estrelas?
Seria um imaginário fértil?
Cheio de historias fabulosas?
Ou um conto de realidade?
Será o Código da Vinci uma aberração?
Ou a verdade pura noutra situação?
Serei a paixão de Cristo?
E a tentação de Cristo?
Uma ficção ou uma inteligência artificial?
Um robô?
Uma nova era?
O que você espera?
Uma outra filosofia anti-maria?
Ou uma poção anti-atômica?
Uma bomba da paz?
Ou por de trás
A inocência de criança superdotada
Faz ditados com recados déjà vu?
Eu até penso no R$ (real)
Será a minha intenção
O mal?
Ou as colocações outras aquisições
Das experimentações do invisível pessoal?
De qual mentira você gosta mais?
As de Papai Noel?
Príncipes transformados em sapos?
Gatos negros?
Ou se você não acreditar
Que a verdade não é verdade
Ela passa em sua concepção como uma mentira
E se você acredita em mentira,
Esta não passou a ser verdade para você?
Assim, eu acredito em uma voz
Você pode até como a doutora
Dizer que é Deus
Eu até posso acreditar
Agora se Ele conta mentiras
É problema Dele
É Dele e do diabo
Se quiser pagar este mico com Ele
(Eu nem trabalho no Ibama)
Eu ganho meu beneficio pelo INSS por ser louco
Acho que todo mundo tinha de ser louco

Afinal quem são vocês para os loucos?
Visto que de perto
Ninguém... ninguém
É tão normal
Que chata esta conversa mole
Que não leva a nada
Mas meu caro e minha cara
Se eu sou um louco varrido
Como é que eu iria ser tão chato
Para encher o saco de vocês?
Eu ganho para isso
Me faço de maluco para poder viver
Tem algum emprego pior
Do que ter um papagaio na orelha
24 horas por dia me enchendo o saco?
Eu até reconheço o ditado
Do papagaio que come milho
Mas como é que eu iria falar das loucuras
Que vocês assistem todos os dias
Na TV, no DVD, no teatro, na piscina, em casa...
Sem ter o único privilégio de alugar vocês de graça?
Pois a loucura é contagiosa
Pega por pensamento e contato
Quer ver só um exemplo na praticidade?
Peguei! (nesse momento ele toca o braço da Gladys)

Um dia o mundo falou
Em segredo para mim
Você sabe o que é ser gente....
Eu até pensei nisso
Durante algum tempo
Na minha vida
Hoje déjà vu
Eu sei o que é filho de gente
Que ao nascer chora
E todo mundo acha graça
Depois que viveu
Morre feliz
E todo mundo chora

Um abraço,
De um louco

Um louco desconhecido
Pois louco já está saindo de moda

Já tem clones
E se explica
A gravidez psicológica
A ressurreição
Só não se explica a loucura
E o seu anfitrião
O próprio Criador
E seu cúmplice
O louco por amor
Às famílias humanas

PS de um amigo do caminho da estrela brilhante:
Se vocês, após esta longa história de vida pudessem ver os vossos olhos, iam ver mais que a normalidade. Saberiam sem medo, que louco é louco mesmo, mas tem o coração de uma inocência que até Deus duvida e o Diabo fica curioso.

Saudade,
De um louco





segunda-feira, 7 de abril de 2014

19- Quando o animal vira o bicho!



Não é só Darwin, os conhecimentos da neurociência não nos deixam mentir: o homem faz parte do reino animal assim como o reino animal faz parte do homem.
O instinto para Jung é um fator psíquico (2).
Na psique do homem existe o animal. O arquétipo animal se manifesta como a parte instintual da psique. 
Se for negado pode tornar-se perigoso.
Assim como o animal ferido torna-se perigosamente agressivo, o lado animal do homem pode voltar-se contra o próprio homem, que o reprime e o distorce, e destruí-lo.
Ele vira o bicho!

Notas:
(1) O Boi-da-cara-preta, máscara usada na Farra do Boi, oficina liderada pela Dra Nise (ler postagens deste blog desde setembro de 2010).
(2) Jung chamou de arquétipo a parte herdada da psique; padrões de estruturação do desempenho psicológico ligados ao instinto; evidente somente através de suas manifestações.
O arquétipo é um conceito psicossomático, que une corpo e psique, instinto e imagem.
Não considerava a psicologia e imagens como correlatos ou reflexos de impulsos biológicos. Considerava que as imagens evocam o objetivo dos instintos, portanto imagem e instinto são de igual importância.
(3)Referência: http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/arquetip.htm