Mapa Celeste-detalhe
Constelação Corona Borealis, a coroa de Adriadne (1)
Monstro de corpo de homem e cabeça de touro, o Minotauro simboliza o resultado de um estado de dominação perversa de Minos e de Pasífae.
Minos é a avidez de poder, a inconseqüência, a leviandade, enquanto Pasífae é a soma de um amor culpado, um desejo desmedido, o erro, recalcados no labirinto do inconsciente.
Os sacrifícios consentidos ao monstro são novas faltas que se acumulam, são mentiras e subterfúgios que alimentam ainda mais esse estado.
Aquilo que permite Teseu retornar à luz, representa o auxílio espiritual necessário para vencer esse monstro.
Segundo uma lenda, não foi apenas o fio de Ariadne que permitiu Teseu voltar das profundezas do labirinto, mas também sua coroa luminosa. (1)
A forma circular luminosa da coroa indica a perfeição e a participação da natureza celeste unindo na pessoa do coroado o que está abaixo com o que está acima dele. É um prenúncio de uma época pura, regenerada que se segue a um período de trevas.
Segundo o psicanalista e mitólogo Paul Diel, o mito do Minotauro simboliza em seu conjunto o combate espiritual contra o recalque, que é a exclusão do campo da consciência de certas idéias, sentimentos e desejos, que o indivíduo não quisera admitir, e que, no entanto, continuam a fazer parte da vida psíquica, suscitando, não raro, graves distúrbios.
NOTAS
(1) Numa versão do mito, Teseu e Ariadne a caminho de volta para Atenas, passam uma noite na ilha de Naxos, onde ele tem um sonho em que Dionisos o ameaçava se não lhe deixasse Ariadne. Temeroso, Teseu segue seu caminho, deixando-a para trás. Vendo Ariadne desesperada ao acordar sozinha, Afrodite sente piedade e lhe dá por esposo o deus Dionisos.
Noutra versão, é Dionisos quem se apaixona e rapta Ariadne de Teseu.
O deus oferece à jovem como presente de casamento uma linda coroa de ouro cravejada de pedras preciosas, que a pedido dela, é atirada ao céu após sua morte.
Conservando a forma circular, a coroa de Ariadne logo se transforma numa constelação, Corona Borealis, repleta de estrelas brilhantes.
Teseu, aproximando-se do seu destino, se esquece de trocar as velas pretas do seu navio por velas brancas. Do alto do rochedo, quando avista a embarcação , Egeu (seu pai) imaginando o filho morto, precipita-se ao mar.
(2) Fontes
- Jean Chevalier & Alain Gheerbrant, Dicionário de Símbolos, José Olympio, 18ºed.
- Paul Diel, Le symbolisme dans la mythologie grecque, Payot, Paris, 1966.
- Tassilo Orpheu Spalding, Dicionário de Mitologia Greco-Latina, Itatiaia, MG, 1965.
(3) Sobre o mito de o Minotauro ler postagens 36 e 37 deste blog.