Em 1982, eu era aluna da Angel
Vianna do que se chamava na época de Expressão Corporal. Minha colega de curso,
Márcia Padilha me convidou e ee convidei meu amigo Marco Antonio Moura Dias para uma
performance na Funarte, relacionada a máscaras. De cara aceitamos. Ele era um artista
plástico eclético e se dispôs a nos ensinar a fazer máscaras de papier marché.
A performance aconteceria durante uma
conferência de Martha Pires Ferreira, artista plástica e
astróloga de renome (1). Tivemos uma entrevista com Martha em sua casa em Santa
Teresa. Aos poucos, fomos nos inteirando melhor do que era esperado da nossa
participação.
Movidos pelo mais puro desejo de
criar e interagir, Márcia, Marco e eu nos encontramos para produzir nossas
máscaras. Até chegarmos às definitivas foram uns quatro encontros que renderam
muita filosofia e algumas outras máscaras não escolhidas.
As máscaras em papier marché tinham a mesma base de
argila cujo tamanho era cerca de 40% maior que um rosto normal. A do Marco, depois
da pintura e dos adereços, era de um dançarino de tango (foto acima). A da Márcia era ela mesma (na foto acima, abraçada pelo dançarino). E a minha máscara era metade dia e metade noite (foto ao lado).
A Martha chegou para conferência
com um visual impactante. Lá se vão mais de trinta anos e, infelizmente, não
tenho registro fotográfico dela, mas guardo na lembrança o seu rosto pintado e
sua túnica estampada em cores vivas. Era uma deusa primitiva! Em contraste com
essa imagem, dissertava daquele jeito aquariano articulado, acompanhando a
projeção de slides que mostrava a máscara desde os primórdios paleolíticos até
a máscara do astronauta na lua. Enquanto isso, nós três circulávamos pela
platéia com nossos trajes mascarados, reagindo com gestos largos,
exagerados, ao que a Martha ia falando e que estávamos ouvindo pela
primeira e única vez.
No final, distribuímos entre os
presentes as demais máscaras que produzimos.
Assim, dançamos todos juntos ao som da “Máscara
Negra”, de Zé Keti, e de “Quem é Você”, de Chico Buarque.
“A dança foi algo inédito dentro da Funarte”,
disse Martha, que guardou e me enviou as informações abaixo do cartaz do
evento:
A máscara
como expressão plástica.
Conferências Audiovisuais
Espetáculos de mímica
Máscaras - no culto,
no teatro, nas tradições.
Espaço Alternativo
FUNARTE 20/ setembro
a 15/outubro 1982
NOTAS:
1) Martha Pires Ferreira foi amiga e
colaboradora da Dra Nise da Silveira. Atualmente é coordenadora das Artes Plásticas na Casa das Palmeiras. Autora do
blog Cadernos Aquarianos.
2) Fotos tiradas por Mario Victor Monteiro na Sala de Exposição
da Funarte, RJ.
3) Veja no Youtube: Martha
Pi Ferreira, por JuliaAndrade2011.