segunda-feira, 28 de março de 2011

32- O Boi nas Artes Religiosas

Nas religiões e na arte de quase todas as raças os atributos animais associam-se aos deuses supremos. Em especial, o boi e a vaca servem de projeção para muitos desses deuses.
Os antigos babilônios projetavam seus deuses no céu sob a forma de signos do Zodíaco. Um deles é o touro!
No Egito, a deusa Hator do amor, beleza, maternidade e alegria, é representada por um corpo humano com a cabeça de vaca (foto). Também era venerado no Egito o Boi Apis, considerado a personificação da Terra.
Na mitologia grega, Zeus, o pai dos deuses, muitas vezes se aproximava das jovens a quem amava sob a forma de animais, entre eles, o touro! Em Creta, podemos o culto à Grande Deusa Taurópolos.
Na Índia, a vaca é sagrada. Venerada como a responsável pela renovação, ela é o animal que transporta o deus Shiva e também controla seus impulsos.

Nota:
Referência Bibliográfica:
- "Conversas com Joseph Campbell- E por falar em mitos...", Fraser Boa, Verus Editora.




segunda-feira, 21 de março de 2011

31- O Mito do Touro, segundo Joseph Campbell

Joseph Campbell (1904-1987) é um dos mais respeitados  mitólogos de todos os tempos. Segundo ele todos os mitos e épicos estão ligados à psiqué humana e são manifestações culturais ligadas às necessidades universais de explorar realidades sociais e espirituais.

Qual é o simbolismo do touro?
(Joseph Campbell) - Onde o sol e a lua possuem importantes poderes simbólicos observa-se que também alguns animais costumam representar esses mesmos poderes. A lua aparece, conforme sua sombra, em 4 fases que representam morte, ressurreição e vida. O sol não tem sombra em si. Está sempre radiante, por isso simboliza o poder da vida na consciência, livre das vicissitudes do medo. Há sempre uma crise quando o sol é eclipsado. Algo causou o eclipse, não foi o próprio sol que se ocultou.
O animal associado ao sol na esfera eurasiana é o felino, sendo o leão o grande felino. Ora, o animal geralmente caçado pelos grandes felinos é aquele que está pastando. Mais comumente é o touro. Por essa razão ele é o principal animal sacrificatório. 
Para representar a lua, o touro deve morrer e assim outro mais jovem ocupa seu lugar. O leão pula sobre o touro. Também o sol pula sobre a lua, que desaparece.
 A forma dos chifres do touro também sugere a forma da lua crescente. 
O touro, como a lua, representa a eternidade dos ciclos da vida e morte.

Nota:
Referência Bibliográfica:
- "Conversas com Joseph Campbell- E por falar em mitos...", Fraser Boa, Verus Editora.

terça-feira, 15 de março de 2011

30- Reflexões Bumbás

Dra Nise da Silveira na oficina "A Queda da Farra do Boi"- MAM-RJ/89

O Bumba meu Boi é uma brincadeira democrática
 que incorpora quem vai passando. 
Entre 1861 e 1868 foi alvo de perseguições
da polícia e das elites do Maranhão 
por ser uma festa mantida pela população negra da cidade.

O que você pensa sobre esse fato?
Que relação isso pode ter com o tema da individuação?
Notas:
1) Os temas explorados nesse blog sobre o símbolo do boi, o arquétipo do bode expiatório, o inconsciente coletivo e outros se iniciam no encontro que tive com a Dra Nise no dia da oficina "A Queda da Farra do Boi"(postagens 1 a 5). Foi um marco importante no meu processo de individuação.
2) Sobre o Bumba meu Boi, ver postagens 28 e 29.


domingo, 13 de março de 2011

29- O BOI E A ARTE POPULAR BRASILEIRA - O Bumba meu Boi (parte 2 - o histórico)


A festa do Bumba-meu-Boi surgiu no nordeste do país, mais especificamente no estado do Piauí quando foi povoado por vaqueiros vindos da Bahia em busca de novas pastagens para o gado. Mas foi no Estado do Maranhão que o Bumba meu Boi foi mais popularizado e exportado para o Estado do Amazonas, onde é visitado anualmente por milhares de turistas que vão para conhecer o famoso Festival de Parintins, realizado desde 1913.
Simples, emocional, direto, com narrativa clara e de ampla identificação por parte do público, guarda semelhanças à tragicomédia pela estrutura dramática dos seus personagens alegóricos, incidentes cômicos e contextuais, a gravidade dos conflitos e o desenlace quase sempre alegre, que funciona como um processo catártico. 
Como dança dramática, o Bumba meu Boi adquire através dos tempos algumas características dos autos medievais. O folguedo deriva da tradição ibérica no que diz respeito ao desfile como também à representação de peças de fundo católico destinadas ao povo para comemorar festas nascidas na luta da Igreja contra o paganismo. Esse costume foi retomado no Brasil pelos jesuítas em sua obra de evangelização dos indígenas, negros e dos próprios portugueses aventureiros e conquistadores.


Notas:
1) Sobre a lenda e referências bibliográficas, ver postagem anterior deste blog.
2) Na foto de Mariza Almeida, o Boi Garboso do CEAT-RJ. 

quinta-feira, 10 de março de 2011

28- O BOI NA ARTE POPULAR BRASILEIRA - O Bumba meu Boi (parte 1- a lenda)


O Bumba meu Boi é um auto onde o tema principal é a morte e a ressurreição do Boi.
O enredo básico conta a história de um boi de estimação de um fazendeiro rico, que é morto pelo empregado negro Pai Francisco. Pai Francisco mata o boi para atender ao pedido da esposa Catirina que está grávida e sente o desejo de comer a língua do animal. Descoberto o autor, Pai Francisco confessa e é levado preso. Mas por intermédio da magia praticada por um curandeiro indígena, o boi ressuscita.
Quando o boi morre se canta a seguinte lamentação, muito conhecida de todos:
"O meu boi morreu
Que será de mim?
Manda buscar outro
Ô maninha, lá no Piauí"
Quando ele ressuscita, Pai Francisco é perdoado e tudo termina bem, dando motivo para cantos e danças de alegria.

Notas:
1) O Bumba meu Boi é um dos folguedos mais tradicionais do país e existe em quase todas as regiões. É encenado em muitas épocas do ano, com ênfase em junho, julho e dezembro. No Recife é conhecido como Boi Calemba e Bumbá. No Maranhão, Pará e Amazônia como Boi de Reis e Bumbá. Em Santa Catarina como Boi de Mamão, de Pano ou de Jacá.
2) Referências: "O Mundo da Arte Popular Brasileira - Museu Casa do Pontal", Angela Mascelani, Ed.   MAUAD e Wikipédia Enciclopédia Eletrônica.

terça-feira, 8 de março de 2011

27- O BOI NA ARTE POPULAR BRASILEIRA - Onde o Carnaval é do Boi


Pra quem não sabe o boi também é figura central no período canavalesco.
Isso acontece na festa do Boi Pintadinho, uma tradição da região sudeste, presente no norte e noroeste do Rio de Janeiro e em Muqui, no sul do Espírito Santo.  
O cortejo é apresentado de forma teatral, animado por uma bateria de instrumentos de percussão e por vezes por sanfona e violão. Seus integrantes cantam versos alusivos a histórias lendárias de bois onde é comum aparecerem outros dois personagens, a Mulinha e o Fazendeiro.
O boi é representado por uma armação de madeira em forma de touro, coberta por tecido. É conduzido por uma pessoa que fica dentro reproduzindo os movimentos bruscos do boi, arrastando os foliões.
O Boi Pintadinho guarda uma semelhança com o Bumba meu Boi do norte do país (ver na  próxima postagem) numa versão migratória. Sua realização também acontecia em junho mas aderiu a data dos folguedos de Carnaval. Talvez por uma influência do modelo Sapucaí, algumas cidades passaram a promover o concurso do melhor bloco do boi.

Nota:
1) Ver O Globo, 06/03/2011- Segundo Caderno, "Tradições de outros carnavais agitam o estado", de Luciana Martinez.
2) foto:
http://www.camaramuqui.es.gov.br/images/noticias/Boi%20Pintadinho.jpg