terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

22- O BOI E A ARTE - Na arte rupestre ( parte 2 de 2 )


Talvez por ter sido a caça mais cobiçada, a representação do bisão seja também a mais comum na arte rupestre. Na caverna de Lascaux (foto), na França, existe uma câmara chamada Salão dos Touros. Suas paredes são inteiramente cobertas de pinturas que narram a caçada a esse animal.
Segundo Aniela Jaffé  o bisão coberto de flechas da pintura  não teria apenas uma intenção decorativa. Os moradores das cavernas acreditavam que matando ritualmente a imagem garantiam matarem o próprio animal.
Quanto mais primitivo é o homem mais literais são seu pensamento e sua expressão. Assim o ser vivo é fortemente identificado com sua imagem, que é considerada sua alma. Até hoje em dia encontramos pessoas que evitam ser fotografadas por essa razão.
O sentido do sagrado na arte rupestre é reforçado pelos locais, por assim dizer secretos, de difícil  acesso em que se encontram, protegidos dos olhares comuns. 
Na Europa, no século XV, o Papa Calisto II proibiu as cerimônias religiosas que eram realizadas numa caverna da Idade Glacial, com animais pintados. 
E ainda nos tempos atuais viajantes nômades depositam oferendas votivas diante das antigas pinturas no Norte da África. O numen(1) do lugar resiste a milênios!

Notas:
1- Numen é um termo do latim que significa  o poder ativo do divino. 
Numinoso é um conceito de Rudolf Otto que designa o inexprimível, misterioso, tremendo, o "totalmente outro", propriedades que possibilitam a experiência imediata do divino.

2- Referência bibliográfica: "O Homem e seus símbolos", concepção e organização C.G. Jung, Ed Nova Fronteira - Cap. 4: "O simbolismo nas Artes Plásticas", por Aniela Jaffé.


3- Sobre a Dra Nise da Silveira e A Farra do Boi ver postagens anteriores deste blog.

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