quinta-feira, 15 de março de 2012

71- Boi e Individuação, uma curiosidade etimológica



O gado bovino era um padrão fundamental no regime de permutas. As primeiras moedas cunhadas traziam a efígie de um touro.
No período romano, a palavra “pecu”, que significava gado, dinheiro e rebanho, deu origem a vários outros termos latinos.
Em nossa língua gerou as palavras: peculiar, pecuária, pecúnia, peculato...
Em latim, peculiaris queria dizer “da própria pessoa, de sua propriedade privada”, inicialmente se referindo ao gado que ela possuía. No seu significado atual a palavra peculiar guarda o sentido do que é “único, próprio” aplicado à subjetividade.
Tornar-se peculiar e diferenciado como indivíduo é o eixo da Psicologia Analítica conforme seu autor C. G. Jung, que disse: “Individuação significa tornar-se um an-individual, na medida em que por individualidade entendemos nossa peculiaridade mais íntima, última e incomparável, o que implica que chegamos a ser o nosso próprio si-mesmo”.
Nesse sentido nosso “boi” mais íntimo, último e incomparável é o princípio e para onde evolui nosso caminho de transformações. É uma imagem do si-mesmo, referido por Jung como a origem da vida psíquica, outras vezes como sua realização, como o objetivo?  Poderia ser o centro da totalidade? E não somente o centro, mas também a circunferência total que abrange tanto o consciente como o inconsciente?
Homem-boi, homem-animal, duas faces de uma mesma moeda. A dualidade na unidade. Nesta dualidade, sendo nosso "boi" uma representação do si-mesmo, o lado “homem” então representaria o ego? O centro da parte consciente da mente?
Edward Edinger (1972) cunhou a expressão “eixo ego-self”, "eixo ego-si-mesmo".
A interação permanente entre o ego e self, se expressa na individualidade da vida de uma pessoa.

FONTES:
(1) F. Pires de Campos, Adriano, “Aspectos Gerais da Relação Homem-Touro”, artigo do livro “A Farra do Boi, do sacrifício do touro na antiguidade à farra do boi catarinense”, do Grupo de Estudos C. G. Jung, Coordenação Nise da Silveira;
(2) Jung, C. G., “Símbolos de Transformação” (CW – vol. 5).

2 comentários:

  1. Caroline Monlleo via facebook:
    "E vc vai me fazendo encantar pelo Jung!"

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  2. Marilene Séllos, via e-mail:
    "Homem-boi, homem- animal, consciente-inconsciente, facetas do nosso todo, que se enriquece, quando conseguimos mergulhar
    na nossa porção "boi", para adquirirmos um maior saber sobre nós."

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