sexta-feira, 24 de junho de 2011

44- O Boi na Grécia (parte 8 de 11) - Hércules e o Touro de Creta

Ânfora decorada com Hércules 
entregando o Touro de Creta a Euristeu

Hércules (em latim), ou Hérakles (em grego), considerado o maior de todos os heróis (1) da mitologia grega, era filho de Zeus(2) e Alcmena. 
Alcmena era neta de Perseu e esposa virtuosa de Anfitrião. Enquanto Anfitrião estava na guerra, Zeus seduz Alcmena assumindo a forma do marido e vive com ela três dias de ardente paixão. Quando Anfitrião retorna e descobre o acontecido, fica tão irado que constrói uma grande pira para queimar Alcmena viva. Zeus manda nuvens de chuva que apagam o fogo, forçando assim Anfitrião a aceitar a situação. E declara que o primogênito na descendência de Perseu (ao que tudo indica, seu filho que está a caminho) se tornará rei.
No entanto, Hera, a ciumenta esposa de Zeus, sabendo da gravidez de Alcmena faz com que nasça primeiro Euristeu, outro descendente dessa família.
Hércules, ao nascer, logo revela seu potencial heroico. Ainda no berço, estrangula duas serpentes que Hera tinha mandado para atacá-lo e ao seu meio-irmão Íflicles(3)
Quando adulto, numa crise de loucura provocada por Hera, Hércules incendeia sua própria casa, matando seus três filhos e sua esposa Mégara. Ao recuperar a razão, vai para o campo onde se isola até que um dia é encontrado por seu primo Teseu, que o convence a visitar o oráculo em Delfos para recuperar sua honra.
O oráculo dá a Hércules como penitência executar doze trabalhos impossíveis, estipulados por Euristeu, o primo que havia herdado o seu direito de ser rei por interferência de Hera. 
Todos os trabalhos seguem o mesmo modelo: Hércules é enviado para matar, subjugar ou buscar uma planta ou um animal mágico para Euristeu oferecer à Hera. No sétimo trabalho, o Touro de Creta deveria ser levado vivo até Euristeu.
Conta a lenda que o Touro de Creta emergiu do mar Egeu enviado pelo deus Poseidon a pedido de Minos, para garantir sua sucessão ao trono. Minos deveria sacrificar o animal à Poseidon, mas fascinado pela beleza do touro branco, mistura-o com outros do seu rebanho e sacrifica um animal de menor valor. Esta desobediência provoca a ira de Poseidon, que castiga Minos, tornando o animal incrivelmente furioso. Pasífae, mulher de Minos, também é enfeitiçada. Cheia de desejo mantem relação com o Touro de Creta, gerando o Minotauro (4).
O Touro passa a aterrorizar toda ilha, atacando a população que é forçada a refugiar-se em suas casas.
Hércules desembarca em Creta para enfrentar mais um desafio. Subjuga o Touro pelos chifres e vai montado em seu dorso até Argólia, onde entrega o animal vivo a Euristeu. Este vai oferecê-lo a Hera. A deusa, não querendo aceitar um presente vindo de Hércules, põe a fera novamente em liberdade. Teseu, mais tarde, acaba por capturá-lo nas planícies de Maratona.

NOTAS:
1) O herói é resultado da união entre um deus ou uma deusa com um ser humano.  Simboliza a aliança entre as forças celestes e terrestres. Embora não goze da imortalidade divina, conserva até a morte um poder sobrenatural. Podem, no entanto, conquistar por seus feitos a imortalidade. Hércules é o protótipo do herói grego imortalizado.
Do ponto de vista psíquico e moral, Hércules seria o representante idealizado da força combativa: o símbolo da vitória e da dificuldade da vitória da alma humana sobre suas fraquezas. Para C. G. Jung o herói é identificado com o poder do espírito. Sua primeira vitória é a que ele conquista sobre si mesmo. O herói simboliza o impulso evolutivo, o conflito da psique que se agita pelo combate contra os monstros da perversão.
2) Sobre o complexo de Zeus, ver postagem 43 deste blog.
3) Foto de Hércules-bebê enfrentando as serpentes, na próxima postagem - "Reflexões Heroicas", deste blog.
4) Sobre o mito do Minotauro, ver postagens 36, 37, 39 e 40 deste blog.
5) Fontes:
- Dies  Paul, Le simbolism dans la mythologie grecque, Paris, 1960.
- Jean Chevalier & Alain Gheerbrant, Dicionário de Símbolos, José Olympio, 18ºed.
- Tassilo Orpheu Spalding, Dicionário de Mitologia Greco-Latina, Itatiaia, MG, 1965.

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