terça-feira, 19 de abril de 2011

35- O Boi na Grécia (parte 1 de 11) - Dionisos, o filho do boi sagrado


Entre os epítetos do deus grego Dionisos, está o Bougenés, que significa filho do boi sagrado. Isto se deve ao fato do boi, como também o bode, serem animais consagrados a Dionisos, sendo o boi o animal consagrado nas festas urbanas, na pólis, e o bode nas festas rurais. Daí nasceu o termo tragédia, que quer dizer 'canto a respeito do bode', ou tragodia (tragós significa bode). As tragédias surgiram dos ditirambos, cantos que os gregos entoavam durante as festividades dionisíacas, quando eram apresentadas três tragédias e uma comédia. As festividades dionisíacas eram variadas e complexas. Brandão (1995), destaca as Dionísias Rurais, Lenéias, Dionísias Urbanas ou Grandes Dionísias e Antestérias. 
As Antestérias, denominadas festas das flores porque eram realizadas na primavera, marcavam o elemento fundamental da religião dionisíaca: a transformação, em que os participantes eram levados ao êxtase e entusiasmo.
No primeiro dia (Pithoiguia), abriam-se os tonéis de vinho guardados no santuário e distribuiam-nos à população. No segundo dia (Khoés), havia os concursos de beberrões e realizava-se a procissão para comemorar a chegada de Dionisos à pólis, numa embarcação com um touro destinado ao sacrifício, que representava Dionisos. Este touro era recebido pela rainha, levado ao santuário e lá realizava-se a união da rainha com o sacerdote (o próprio Dionisos), simbolizando a união do deus com a pólis. No terceiro dia (Khytrói), os vasos com vinho eram consagrados aos mortos e às Queres, e as Antestérias terminavam. Era um dia 'escuro', e, ao seu final, as pessoas gritavam: 'retirai-vos Queres, as Antestérias terminaram'.


Nota:
Essa postagem é uma contribuição generosa da amiga e colega junguiana Mônica Helena Weirich.


Fontes: 
1) Brandão, Junito. Mitologia Grega. Petrópolis: Vozes,1995.
2) Kerényi, Carl. Dioniso - Imagem arquetípica da vida indestrutível. São Paulo: Odysseus, 2002.
3) Lopez-Pedraza, Rafael. Dionisos no Exílio. São Paulo: Paulus, 2002.

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