terça-feira, 14 de janeiro de 2014

109- Déjà vu e Sincronicidade


Em Resposta a Jó, Jung comenta no parágrafo 640: “Como sempre acontece, um acontecimento inconsciente pode tornar-se consciente quando em contato com um acontecimento exterior. Este é percebido então como algo déjà vu, como se já tivesse sido visto ...”
As experiências repetidas que indicavam eventos que nem sempre obedeciam às leis tempo-espaço e causalidade motivaram Jung a buscar o que havia por trás.
Na Conferencia pronunciada perante o Círculo de Eranos, em Ascona na Suíça, em 1951, Jung descreve o sentimento do déjà vu como uma forma de premonição, isto é, o conhecimento prévio a partir do sonho, mas que também pode ocorrer no estado de vigília. Por isso não seria adequado falar de acasos e sim de coincidências significativas, sem conexão causal, que passou a denominar sincronicidade.
Dividiu os fenômenos sincronísticos em três categorias segundo a relação de tempo e espaço que ocorre entre os acontecimentos externos e psíquicos:
       1-  Quando há coincidência de um estado psíquico de um observador com um acontecimento objetivo externo e simultâneo, sem qualquer conexão causal;
       2-  Quando há coincidência de um estado psíquico com um acontecimento exterior mais ou menos simultâneo, fora do campo de percepção do observador, isto é, distante desse, podendo ser verificada somente a posteriori;
       3-  Quando há coincidência de um estado psíquico com um acontecimento do futuro, portanto distante no tempo e ainda não presente e que só pode ser verificado também posteriormente.
O déjà vu sob esta ótica se encaixa na terceira categoria em que há uma distancia no tempo. A percepção da coincidência simula um efeito retroativo através da falsa sensação de que o estado psíquico passado possa ter sido uma experiência externa impossível de ser lembrada.
Também sugeriu que fenômenos sincronisticos são mais aparentes quando o nível de consciência é baixo, abaissement du niveau mental.
O físico Wofgang Pauli pensou na explicação do fenômeno da premonição baseando-se numa suposta ordem temporal do arquétipo, ou seja, que sabemos em nossa psique inconsciente qual arquétipo estaria constelado de modo a se poder dizer o que virá a seguir.
Em linguagem psicológica, M. L. Von Franz diz que se conhecemos a mais profunda constelação arquetípica subjacente de nossa situação atual poderemos até certo ponto saber como as coisas se desenrolarão.

Essa percepção mesmo inconsciente pode produzir fenômenos de familiarização ou afinidades na medida em que fatos previsíveis se sucedem.

Você lembra ter tido a experiência do déjà vu?

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