sábado, 20 de julho de 2013

98- Os Touros de Damian Elwes (I)


Damian Elwes é um artista britânico que vive e trabalha nos Estados Unidos. Em suas pinturas explora temas como a relação entre seres humanos e a natureza, o equilíbrio entre a energia masculina e feminina, a criatividade e as interconexões entre todas as coisas. É conhecido por suas pinturas que descrevem os estúdios dos mestres do século XX e panoramas do mundo natural que se aventuram para além dos limites habituais da pintura de paisagem .
Sua obra é muitas vezes monumental e tridimensional, como uma grande pintura em que os visitantes andam de sala em sala no piso térreo da “ Villa La Californie”(2006), para testemunhar o grau de criatividade de Picasso. Ou uma pintura de uma paisagem imensa no chão, “Amazon” (1999), no qual os visitantes podem andar por cima das plantas e flores de floresta, e procurar a nascente do rio. Em seu trabalho mais recente, ele incide sobre os processos artísticos de Ai Wei Wei, Gerhard Richter, Marlene Dumas, Joseph Beuys, Andy Warhol e outros artistas contemporâneos.
Elwes nasceu em Londres em 1960, o segundo filho de Tessa Kennedy e Dominick Elwes. Seu avô e seu pai eram  pintores e ambos morreram quando Damian tinha quinze anos,  deixando seus cavaletes e pincéis. Aos dezesseis anos Elwes viajou de bicicleta através da França para a Itália . Aos dezoito anos, percorreu de mochila da Argentina a Colômbia, passando várias semanas na Amazônia numa barcaça de banana. 
Estudou Literatura na Universidade de Harvard, mas na sua graduação sua professora deu-lhe uma espatula que pertencera a Henri Matisse . Em vez de ir para a escola de arte ele foi para Paris, onde, por dois anos, ele fez pinturas dos estúdios de artistas contemporâneos como uma forma de aprender com eles.


Elwis tem uma série de pinturas em que explora dinamicamente a estética e a profundidade de significados  da tourada. Na foto acima, faz uma mandala em que um touro gigantesco esta no centro. Dentro do animal, formas de cores e movimentos marcam sua historia. Sobre seu dorso, um outro, azul transparente, algo alem do fisico...

É rodeado por pequenos toureiros que ocupam os poucos espaços da arena não ocupados por ele. Em volta, o grande publico, ainda mais pequeninos. São triângulos com cabecinhas que aguardam o grande final. 
O touro gigante faz lembrar  Gulliver e os homenzinhos os habitantes de Lilliput. A narrativa das viagens de Gulliver inicia-se com o naufrágio do navio onde seguia. Após o naufrágio é arrastado para uma ilha chamada Lilliput. Os habitantes desta ilha, que eram extremamente pequenos, estavam constantemente em guerra por futilidades. 
Foi através dos lilliputianos que Swift demonstrou a realidade inglesa e francesa da época. Através do tamanho do touro e dos toureiros e espectadores, Elwis nos fala da grandeza e da pequeneza de cada um.

( continua na próxima postagem)

4 comentários:

  1. Marilene Séllos, via email:
    "Elwes, no seu "caminho da individuação",impregnado por cores e formas de grandes mestres, nos traz este touro, com uma luminosidade,que nos fala de algo que transcende a própria obra.Intenso, amei!"

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  2. Heitor Martins via facebook:
    "this picture makes me remenber 'The Sun Also Rises', of Hemingway"

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  3. É Heitor, parece que a obra de Elwis, rica de simbolismos, nos inspira a todos.O livro retrata o cotidiano de um grupo de expatriados boêmios, ingleses e norte-americanos, após o término da Primeira Guerra Mundial. A ação se desenrola nas cidades de Paris e Pamplona, durante as Festas de São Firmino.
    Jacob Barnes é o protagonista e narrador da história. Conhecido como Jake, ele trabalha como repórter em Paris. Jake volta impotente da guerra e acaba se apaixonando por Lady Brett Ashley, mulher de personalidade fútil, que trata os homens como simples objetos e envolve-se com vários deles, apesar de ser comprometida.Hemingway criou tipos humanos complexos para The Sun Also Rises, representando assim uma geração contaminada pela ironia e pelo vazio diante da vida, com seus valores morais destruídos pela guerra e irremediavelmente perdidos. Temas como a solidão e a morte, os preferidos do escritor, são explorados de forma brilhante. Escrito originalmente em 1926 e publicado em 1927, The Sun Also Rises foi o primeiro romance de Ernest Hemingway, sendo considerado por muitos como sua obra mais refinada em termos de técnica literária.

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    1. Marilene Séllos, via email:
      "É sempre enriquecedor,nos deixarmos tocar pelas imagens,com suas infinitas possibilidades de leitura.Podermos fazer
      analogias,como Heitor o fez,nos impulsiona a enxergar além."

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