segunda-feira, 4 de março de 2013

91- As Máscaras do Boi na Vivência Mítica, Escola Angel Vianna


Máscaras do Boi - Vivência Mítica, Escola Angel Vianna

Na vivência mítica realizada na Escola Angel Vianna, foram muitas as danças, toadas e reflexões até chegar o momento da feitura da máscara do boi. Aí, pareceu um tempo sem tempo. Os participantes se redescobriram criando, brincando, transformando a imaginação em  formas, cores e movimento no espaço físico.
Embora o tema proposto tenha sido o mesmo para todos, cada um fez surgir na sua máscara de boi o seu tema particular, relacionado ao  inconsciente pessoal .
Mas o fazer, o vestir e dar vida à máscara através do movimento também nos remete a experiências do coletivo, desde a ancestralidade humana.
O mais antigo registro do uso de máscara que se tem notícia foi deixado nas paredes da caverna de Lascaux, na França, datado de cerca de 14.000 AC. Essas gravuras rupestres mostram caçadores mascarados com cabeças de animais. Supõe-se que acreditavam poder assim adquirir as forças instintivas destes animais e garantir o sucesso da caça. As máscaras usadas ritualisticamente primavam pela intensa expressividade e serviam como mediação entre a esfera sobrenatural e a natural. (1)
Também usada nos ritos de iniciação, a máscara do iniciador simbolizava o espírito que instruía o adolescente de que naquele momento ele morria na sua condição anterior para nascer na condição adulta.
Mais próximas à cultura atual, as tradições gregas conheceram as máscaras rituais das cerimônias e das danças sagradas, as máscaras funerárias, as máscaras votivas, as máscaras de disfarce e as máscaras teatrais. Aliás, foi esse último tipo de máscara, figurando como um personagem (PROSOPON) que deu nome à “pessoa”.
A máscara teatral, que é também das danças sagradas, é uma modalidade e um manifestação do Self universal. A personalidade do portador em geral não se modifica, o que significa que o self é imutável.
Por outro lado, uma modificação pela adaptação do ator ao papel, pela sua identificação com a manifestação divina que figura, é o próprio objetivo da representação. Pois a máscara, especialmente sob seus aspectos irreais e animais, é a Face divina. (2) 

NOTAS:
1) Ref.: C. G. Jung; O Homem e seus Símbolos. Editora Nova Fronteira, 2008.
2) Ref.: Chevalier, J. e Gheerbrant, A.;  Dicionário de Símbolos, mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras cores, números. Ed José Olympio, 18o.
3) Mais sobre máscaras de bicho, ver neste blog: Postagem 5- A Máscara de Oncinha da Dra Nise; Postagem 10- Quando o Animal vira O Bicho!; Postagem 37- O Boi na Grécia: O Minotauro e a Máscara do Touro; Postagem 40- Reflexões Minotaurinas. 

Um comentário:


  1. Heidi Sattler via email:
    "Muito bom, parabéns pelo seu trabalho, e muito agradecida por compartilhar."

    ResponderExcluir