Oficinas de Individuação são espaços catalisadores de transformações do ser, que servem ao processo de individuação conforme descrito por C. G. Jung: "Uso a palavra individuação para designar um processo através do qual um ser torna-se uma unidade autônoma e indivisível, uma totalidade. Poder-se-ia traduzir a palavra individuação por realização do si-mesmo. O si-mesmo compreende infinitamente mais do que um simples eu. A individuação não exclui o universo, ela o inclui".
sábado, 17 de novembro de 2012
85- O Bezerro de Ouro Contemporâneo
Com o nome sugestivo "The Golden Calf", o Bezerro de Ouro (FOTO), é um bezerro de 20toneladas com cascos e chifres de ouro de 18quilates, que o artista britânico Damien Hirst colocou à venda na casa de leilões Soththeby's, de Londres, em 2008.
Foi o trabalho que alcançou valor mais alto no leilão! Seu autor além de conquistar fama e enorme frisson em torno de si, soube como furar alguns fundamentos do mercado. A venda do Bezerro de Ouro foi uma jogada inédita em que Hirst driblou marchands e galeristas, negociando diretamente com os colecionadores.
Esse episódio no campo das artes faz refletir sobre o valor das coisas.
Em 1927, o físico alemão Werner Heisenberg propôs um conceito que modificou a forma científica de enxergar o mundo: o principio da incerteza. Esse princípio, que é ate hoje um dos pilares da física quântica, diz que a presença do observador altera o fenômeno. A natureza das coisas não teria uma existência intrínseca, mas sim interdependente, isto é, a experiência é alterada pela presença mutua do sujeito e do objeto. Ou seja, a experiencia do belo, por exemplo, é influenciada tanto pela obra quanto pelos olhos de quem vê. É portanto uma experiência única. E quando o que é dito belo vem de fora dessa experiência?
É comum ouvir dizer que a essência do que se faz na arte não depende da opinião alheia. O artista mais evoluído seria aquele que se libertou das coisa terrenas e se entregou plenamente a busca da sua arte. No entanto, talvez seja a profissão de artista aquela que mais dependa da opinião dos outros para sobreviver e a que é capaz de arrebatar os mais altos investimentos. A arte pode nos levar a um êxtase que não tem preço?
João Cabral de Mello Neto diz em seu ensaio "Composição x Inspiração", de 1952, que nos tempos clássicos uma obra de arte era julgada boa quando cumpria seu papel de satisfazer o gosto das pessoas, que era construído ao longo do tempo.
Muita coisa mudou desde então. Julgar o valor artístico e material de uma determinada obra, tornou-se uma tarefa cada vez mais distante do senso comum. Quem manda hoje no mercado das artes, tremendamente impulsionado pelo surgimento da nova classe social global dos bilionários, decidindo o que é bom ou não, são os especialistas.
A sensação que se tem é de pisar em ovos (diga-se de passagem) que não são de ouro, num momento em que "celebridades" são produzidas em série, surgindo e desaparecendo em toda parte de uma hora para outra.
O valor do "Bezerro de Ouro", de Damien Hirst, transcende o valor da obra propriamente dita, quando traz à tona a fome de ídolos presente na ancestralidade humana.
Outras reflexões sobre o tema, na próxima postagem: "O Bezerro de Ouro Bíblico".
NOTAS:
Fontes: Lahoz André ; 2/2011 www. Bravoline.com.Br; Chacal, Ricardo; "Histórias à Margem"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Daisy Balassa, via email:
ResponderExcluir"Gostei. Muito. Elucidativo, interessante, educativo emitido bom de ler."