Oficinas de Individuação são espaços catalisadores de transformações do ser, que servem ao processo de individuação conforme descrito por C. G. Jung: "Uso a palavra individuação para designar um processo através do qual um ser torna-se uma unidade autônoma e indivisível, uma totalidade. Poder-se-ia traduzir a palavra individuação por realização do si-mesmo. O si-mesmo compreende infinitamente mais do que um simples eu. A individuação não exclui o universo, ela o inclui".
Em 1989, tive a oportunidade de participar de um evento liderado pela Dra Nise da Silveira no pátio do MAM, em protesto à Farra do Boi. A Farra do Boi é um elemento da cultura popular do litoral de Santa Catarina que teria sido trazida ao Brasil por açorianos há 200 anos. Na década de 80, o ritual passou a ser muito combatido. Foi finalmente proibido a partir de 1997 por ter sido considerado excessivamente cruel com o animal. É atribuída a esse ritual uma conotação simbólica-religiosa relacionada à Paixão de Cristo, onde o boi faria o papel de Judas. Outros entendem que o animal simboliza satanás e através da tortura e morte do boi as pessoas se livrariam de seus pecados. O objetivo final é o de repartira carne do boi entre os participantes. Embora seus proponentes defendam que essa prática faz parte de sua herança cultural, foi classificada por Franklin Cascaes, folclorista de prestígio e especialistana cultura local, como “vampirismo medieval.” A Farra do Boi retoma em parte a idéia do antigo ritual hebraico do bode expiatório descrito na Bíblia no Levítico, capítulo 16. (continuação postada em novembro)